O meu nome é Mariana Alface e sou Terapeuta da Fala. Ao longo da minha prática clínica tenho-me deparado com diversas alterações que comprometem o adequado padrão respiratório das crianças com quem trabalho. Não respirar de forma adequada, pelo nariz, leva a que o corpo muitas vezes assuma a alternativa imperativa de respirar pela boca, uma vez que, respirar é urgente! Esta alternativa origina alterações locais e sistémicas que comprometem negativamente a qualidade de vida, estética facial e a saúde geral do paciente.
Quem apresenta um padrão respiratório oral, isto é, quem respira maioritariamente pela boca, apresenta desequilíbrios crânio e dentofaciais, o crescimento facial é realizado de forma anómala assim como o desenvolvimento esquelético maxilar e mandibular. Compreende-se assim que muitas das funções desempenhadas pelas estruturas dos lábios, língua, dentes e bochechas estejam comprometidas.
A preferência alimentar por texturas mais moles, a mastigação pouco eficiente e ruidosa, o registo de dificuldades na produção de determinados sons da fala, são alguns dos sinais relacionados com as alterações provocadas pela respiração oral. Durante a noite, também a presença de roncopatia (ressonar), agitação, sudorese noturna (suar à noite) ou desidratação, podem indicar dificuldades respiratórias que, consequentemente, influenciam a qualidade do sono, seguindo o cansaço diurno, inquietação e até dificuldades de concentração.
Concluímos assim, que respirar corretamente, pelo nariz, é muito importante para o nosso bem estar geral. A respiração nasal garante o desenvolvimento adequado do complexo craniofacia e respiratório, por meio da ação correta e equilibrada da musculatura orofacial. Respirar com o nosso nariz promove o adequado funcionamento das restantes funções estomatognáticas, como a fala, mastigação e deglutição.
Quando esta tendência fisiológica de respirar pelo nariz é interrompida por causas de obstrução nasal recorrente, seja por alterações estruturais na cavidade nasal (p.e. aumento de adenóides e/ou cornetos nasais) ou episódios frequentes de congestionamento das vias aéreas superiores, é necessário intervir e reabilitar esta função. Perante episódios de obstrução nasal por presença de secreções dentro do nariz e dos seios perinasais, a lavagem do nariz torna-se uma das primeiras e principais estratégias utilizadas na reabilitação da função. A permeabilidade nasal permite a passagem do fluxo de ar de forma contínua e assim o primeiro passo para restabelecer a respiração nasal e a possibilidade de reabilitar outras estruturas e funções que se encontrem alteradas.
A avaliação e intervenção do Terapeuta da Fala nos casos de alterações miofuncionais requer uma visão holística, com integração numa equipa multidisciplinar. O acompanhamento deve ser realizado o mais precocemente possível, de modo a acompanhar o crescimento craniofacial e minimizar as consequências do padrão respiratório patológico.
Autor: Terapeuta da Fala, Mariana Alface Prática clínica na área da Motricidade Orofacial (alterações miofuncionais orais e suas relações), nas várias patologias que comprometam o neurodesenvolvimento da criança e na malformação congénita fendas labiopalatinas. - Desenvolve funções em clínica privada na zona de Lisboa e Almada (HumanClinic) e na consulta transdisciplinar de Fendas Lábio Palatinas, pelo Grupo FLAP e pelo grupo Atlas Lipicast. - Membro da Sociedade Portuguesa de Terapia da Fala, no departamento de Motricidade Orofacial.
Encontro-me disponível para qualquer esclarecimento adicional ou pedido de ajuda, através da página e site www.narizinhos.com.